Coletivo de mulheres da CPT-MS realiza Oficina sobre geração de renda e luta contra o machismo
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por Rosângela Pedrosa*
O Coletivo de mulheres da Comissão Pastoral da Terra no Mato Grosso do Sul (CPT-MS) realizou, nos dias 21 e 22 de junho de 2024, a Oficina “Mulheres em luta contra o racismo e a fome organizando e semeando resistência”. A atividade foi realizada no Assentamento 17 de abril, em Nova Andradina (MS) e contou com apoio da Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE).
O espaço formativo tratou dos impactos do patriarcado, do machismo e do racismo na vida das mulheres, contando com a assessoria da professora doutora Rejane Cândado e de Marlene Ricardi, mestra em estudos de gênero e militante do movimento feminista no MS. A formação contou com a participação de vinte e duas mulheres e um homem dos Assentamentos 17 de abril e São João, situados em Nova Andradina (MS).
O tema foi abordado de forma dinâmica, participativa e trouxe presente as formas de manifestação do patriarcado nas ações machistas da sociedade, que afeta de forma direta a vida das mulheres, se configurando como uma forma de organização social na qual a autoridade paterna é predominante.
O patriarcado e o machismo são sistêmicos e caracterizados por condutas e formas de pensar que podem ser transformados em nossa sociedade. A nossa maior luta não é contra o machismo, mas sim contra o patriarcado, pois nele estão as raízes do racismo e do machismo que estão relacionadas às formas de poder e dominação dos homens sobre as mulheres em nossas vidas cotidianas, na família, no trabalho, nos espaços de organização política, nas escolas, igrejas, etc.
Dessa forma o patriarcado se manifesta e afeta a vida das mulheres através das desigualdades nos espaços de representação e tomada de decisões, na violência contra as mulheres e no controle de seus corpos e sexualidade, na ausência de reconhecimento do trabalho doméstico e de cuidado, nas desigualdades sociais, profissionais e na família.
As mulheres participantes partilharam suas vivências familiares e as relações patriarcais em que estão inseridas em suas famílias e comunidades, despertando o interesse para que possam não somente perceber essas situações, mas reagir frente às opressões e violências contra a mulher.
Produção e geração de renda para as mulheres
Outro tema trabalhado na oficina foram os espaços coletivos de produção e geração de renda para as mulheres. É primordial que as mulheres tenham autonomia econômica através destes espaços que fortaleçam e empoderem as mulheres por meio da economia familiar, valorizando os produtos que a comunidade produz e promovendo a comercialização a nível local.
Cabe destacar que o projeto, por meio do apoio da CESE, beneficiou o grupo de mulheres com uma despolpadeira e um forno de bancada, visando qualificar a produção e potencializar a geração de renda nas comunidades.
Produtos produzidos pelo grupo de mulheres beneficiado pelo projeto
Ajudar as mulheres a vislumbrar formas de gerar renda é parte essencial para o empoderamento feminino. Entre as discussõs da Oficina surgiram muitas propostas para a melhoria das cozinhas que já existem em nível local, como a diversificação da produção, circuitos curtos de comercialização, feiras e venda direta ao consumidor, embalagens adequadas e valorização do que já existe como potencialidade local.
*Rosângela Pedrosa é integrante do Coletivo de Mulheres da CPT-MS